quinta-feira, dezembro 28, 2006
sexta-feira, dezembro 22, 2006
Há dias em que gostava de ser como o gato e que me tocasses sem desejar encontrar quaisquer sentimentos a não ser o que se exprime num espreguiçar muito lento e que depois me deixasses deitado no sofá sem que nada pudesses levar da minha alma, pois nem saberias o que dela roubar.
quinta-feira, dezembro 21, 2006
segunda-feira, outubro 23, 2006
O carpinteiro terminou mais um dia de trabalho.
Como era fim-de-semana,
resolveu convidar um amigo para beber algo em sua casa.
Ao chegar, antes de entrarem, o carpinteiro parou por alguns minutos,
em silêncio, diante de uma árvore que ficava no jardim.
Em seguida, tocou nos seus ramos com ambas as mãos.
Imediatamente, o seu rosto mudou.
Entrou em casa a sorrir, foi recebido pela mulher e pelos filhos,
contou histórias, e saiu para beber com o amigo na varanda.
Dali podiam ver a árvore.
Sem conseguir controlar a sua curiosidade,
o amigo perguntou-lhe o que fizera antes.
- Ah, esta é a árvore dos meus problemas - respondeu. -Sei que não posso evitar ter aborrecimentos no meu trabalho, mas estas preocupações são minhas, e não pertencem à minha mulher nem aos meus filhos.
Assim, quando chego aqui penduro os meus problemas nos ramos daquela árvore. No dia seguinte, antes de sair para o trabalho, recolho-os de novo.
O mais curioso, porém, é que quando saio de manhã e vou procurá-los, alguns já não estão mais ali, e outros parecem bem menos pesados do que na noite anterior.
quinta-feira, outubro 19, 2006
Será o Amor uma Palavra?
Talvez o amor seja mesmo só mais uma palavra.
Uma palavra como, violeta, borboleta, carro ou outra qualquer.
Enfim, uma palavra…
Facilmente se chega à conclusão
Que o amor não é eterno, não é constante,
Não é invariável, não é contínuo, não é certeza.
O amor tem etapas e tem fases.
A fase do agora apaixonadamente sim,
A do talvez seja ainda, ou talvez possa ser de novo.
E a que se cala, a que não se diz, a que se esconde e se mascara,
A que se arrasta e se prolonga...
Quando já não é.
O final.
O agora não.
Uma palavra….
O amor não faz mover montanhas, não seca oceanos,
Não faz nascer estrelas, cometas, constelações,
Não abala os fundamentos do universo,
Não anula distâncias, senão a do pensamento.
E não altera um segundo o passar do tempo.
O amor é uma palavra!
Mas enquanto é sim
Mas enquanto é grande
Mas enquanto é tudo
Mas principalmente enquanto é sentida
terça-feira, outubro 17, 2006
quarta-feira, outubro 04, 2006
sábado, setembro 23, 2006
quarta-feira, setembro 20, 2006
sábado, setembro 16, 2006
quarta-feira, agosto 30, 2006
A professora Ana Maria pediu aos alunos que fizessem uma redação e nessa
redação o que eles gostariam que Deus fizesse por eles.
À noite, corrigindo as redações, ela se depara com uma que a deixa muito emocionada.
O marido, nesse momento, acaba de entrar, a vê chorando e diz:
"O que aconteceu?"
Ela respondeu:
"Leia".
Era a redação de um menino.
"Senhor, esta noite te peço algo especial:
me transforme em um televisor.
Quero ocupar o seu lugar.
Viver como vive a TV de minha casa.
Ter um lugar especial para mim, e reunir
minha família ao redor...
Ser levado a sério quando falo...
Quero ser ocentro das atenções e ser escutado sem interrupções nem questionamentos.
Quero receber o mesmo cuidado especial que a TV recebe quando não funciona.
E ter a companhia do meu pai quando ele chega em casa, mesmo que esteja cansado.
E que minha mãe me procure quando estiver sozinha e aborrecida, em vez de ignorar-me.
E ainda que meus irmãos "briguem" para estar comigo.
Quero sentir que a minha família deixa tudo de lado, de vez em quando, para
passar alguns momentos comigo.
E, por fim, que eu possa divertir a todos.
Senhor, não te peço muito...
Só quero viver o que vive qualquer televisor!"
Naquele momento, o marido de Ana Maria disse:
"Meu Deus, coitado desse menino".
"Nossa, que coisa esses pais".
E ela olha:
"Essa redação é do nosso filho".
segunda-feira, agosto 28, 2006
“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se autor da
própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no
recôndito da alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “não”.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…”.
Fernando Pessoa
sábado, agosto 26, 2006
"Quem são aquelas pessoas?"
Diremos...
que eram nossos amigos e...
isso vai doer tanto!
Foram meus amigos,
foi com eles que vivi
tantos bons anos da minha
vida!
A saudade vai apertar
bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar,
ouvir aquelas vozes novamente...
Quando o nosso grupo estiver incompleto...
reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.
E, entre lágrimas abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes
desde aquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a
viver a sua vida, isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo:
não deixes que a vida te passe em branco
e que pequenasadversidades
sejam a causa de grandes tempestades...
Fernando Pessoa
segunda-feira, junho 12, 2006
terça-feira, junho 06, 2006
domingo, junho 04, 2006
domingo, maio 14, 2006
sábado, maio 13, 2006
quinta-feira, maio 04, 2006
quarta-feira, maio 03, 2006
Adeus
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mão à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os meus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já se não passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
(Eugénio de Andrade)
terça-feira, maio 02, 2006
segunda-feira, maio 01, 2006
Em que língua se diz, em que nação, em que outra humanidade se aprendeu a palavra que ordene a confusão que neste remoinho se teceu? Que murmúrio de vento, que dourados cantos de ave pousada em altos ramos dirão, em som, as coisas que, calados, no silêncio dos olhos confessamos?
José Saramago - Os Poemas Possíveis
sábado, fevereiro 18, 2006
quinta-feira, fevereiro 02, 2006
Acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei,
Todos os amigos que se afastaram,
Apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.
domingo, janeiro 29, 2006
I'm so tired of playing,
Playing with this bow and arrow,
Gonna give my heart away,
Leave it to the other girls to play,
For I've been a temptress too long.
Hmm just,
Give me a reason to love you,
Give me a reason to be,
A woman,
I just wanna be a woman.
From this time, unchained,
We’re all looking at a different picture,
Through this new frame of mind,
A thousand flowers could bloom,
Move over, and give us some room.
So don't you stop being a man,
Just take a little look from our side when you can,
Sow a little tenderness,
No matter if you cry.
For this is the beginning of forever and ever,
It's time to move over ,
So I want to be.
Hmm just,
Give me a reason to love you”
[Give Me A Reason To Love You - Portishead]
«Evitei a vida como um pássaro que voa não se sabe como nem para onde, procurando apenas não pousar. Não passei pelas coisas, não compareci, inventei, fechei os olhos, menti, olhei de lado, disfarcei, sempre que pude, fugi. Hoje trago a alma branca, magoada de tanto protegê-la. Mas não a vendi. As minhas intenções eram boas. Eu é que não as percebi.
[…]
Com o meu coração casado, cansado de gostar e de deixar de gostar. Cansado de lembrar e ver, de ver a lembrança à minha frente, e a felicidade atrás de mim, cansado do presente, de ver e de comparar uma com a outra. Cansado de discutir, de não explicar, não perceber, não ser percebido, de perdoar e não ser perdoado.
Cansado de sorrir do meu sorriso, da maneira que a lágrima tem de cair e secar, das portas, das janelas, do ar dentro das casas. Cansado de me animar, de me apanhar do meio do chão, de me meter no carro, de me servir, de me levantar.
Com o meu coração cansado de não saber o que sente, e de descobrir sempre de repente o que não sabe. Com o coração cansado de saber. Cansado de mentir. Cansado de esquecer. Mas coração, mesmo assim..."
Miguel Esteves Cardoso – O cemitério de raparigas
Ontem falaste-me de abraços,
aquela manifestação de carinho,
que pede um gesto tão simples
como um simples juntar de braços.
Hoje falo-te eu de abraços,
aquela vontade única de ter alguém
bem perto do peito, naquele jeito
de ser envolvido no conforto dos braços!
Por isso, que a força do meu abraço dure para sempre
na tua memória, para que nunca te esqueças
que um dia aconteceu.
Se por algum motivo o quiseres esquecer
que o esquecimento se esconda de ti
e te ofereça a lembrança do nosso abraço...