Se temos de perder uma pessoa que nos é muito cara, quem não preferiria que ela morresse, em vez de ir simplesmente recomeçar a viver noutro sítio? Pode tolerar-se que aquela que era toda a nossa vida cesse de ser tal e comece a sê-lo para outrem ou para si própria?
"Quem sou? (...) É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Ou pelo menos o que me faz agir não é o que eu sinto mas o que eu digo."
Clarice Lispector