sábado, fevereiro 13, 2010

Não há mais sublime sedução do que saber esperar alguém.
Compor o corpo, os objectos em sua função, sejam eles a boca, os olhos, ou os lábios. Treinar-se a respirar
florescentemente. Sorrir pelo ângulo da malícia.
Aspergir de solução libidinal os corredores e a porta.
Velar as janelas com um suspiro próprio. Conceder
às cortinas o dom de sombrear. Pegar então num
objecto contundente e amaciá-lo com a cor. Rasgar
num livro uma página estrategicamente aberta.
Entregar-se a espaços vacilantes. Ficar na dureza
firme. Conter. Arrancar ao meu sexo de ler a palavra
que te quer. Soprá-la para dentro de ti
até que a dor alegre recomece.

(Maria Gabriela Llansol - O Começo de um livro é precioso)

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