Carta de Fernando Pessoa para Ophélia Queiroz
Pasma, ente pequeno e pessimo! Aqui te
estou escrevendo, contra meu habito, uso e costume! Parece impossível -
mas não há duvida. A penna corre sobre o papel, tem tinta, e por isso
produz lettras. Essas lettras formam palavras... mas (diga-se a verdade)
essas palavras não tem um sentido por ahi além.
Ibis do Ibis: quero
jinhos, quero muitos jinhos. Tenho fome de jinhos, tenho sêde de jinhos,
tem somno de jinhos. Só jihos é que não tenho. (...)
Tu, hoje e amanhã, se tiveres occasião e te quizeres lembrar de um certo Ibis que gosta um tanto ou quanto de ti, faz o possível por te lembrar.
Sempre e muito teu
Carta de Ophélia Queiroz para Fernando Pessoa
Ao meu
adorado Fernandinho, grande amor da minha vida:
Venho responder às
suas queridas cartinhas que me deram muita alegria, principalmente a
primeira por ver que a essa hora enquanto eu naturalmente dormia e
sonhava... tu estavas pensando em mim e dedicando-me alguns momentos,
pena estares tao doentinho! (...)
Adeus meu Nininho agradeço os
teus beijos e envio-te também beijinhos sem conta, e sempre tua
Ophélia
Fotografia: Gérald Bloncourt
Ouve-se: Chris Isaak - Wicked Game
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