domingo, dezembro 25, 2011

(...) " Recentemente, seguido de uma série de acasos que resolvi apelidar de “milagres”, recomecei a viajar.
Como toda a gente, apanhei muitos aviões e comboios nos últimos anos; não é disso que se trata. Trata-se de o ter feito, ao fim de tanto tempo, de olhos abertos e sem a espada de Dâmocles sobre a cabeça. E, quando regressei, percebi que me era impossível regressar.
Que, até ao fim da vida, era isto que eu queria fazer: viajar todos os dias.
Mesmo estando quieto, mesmo atrás da mesma secretária escrevendo as mesmas palavras às mesmas intermináveis horas; estarei eternamente em viagem.
Porque já perdi demasiado tempo, vou ao armário buscar as minhas malas surradas e velhinhas; vou comprar um bilhete para a vida; e, depois, cheio de esperança e de coragem, vou entrar em cada avião que passa como se só houvesse um sentido, como se nunca se chegasse a parte alguma, como se a viagem fosse na realidade o destino porque todos os dias são dias de partida."

João Tordo
Fotografia: Eduardo Gageiro
Ouve-se: Staind - Believe

sexta-feira, dezembro 23, 2011


Gratuito
(latim gratuitus, -a, -um, dado ou recebido de graça)
1. Feito, dado de graça.
2. Desinteressado.
3. Espontâneo.

Acreditar dormir sonhar rir falar imaginar cheirar andar ler escrever orar beijar observar
E amar? Será o amor “desinteressado, espontâneo, feito/dado de graça”?

Fotografia: Eduardo Oliveira

quarta-feira, dezembro 07, 2011


"Um homem interessante, definitivamente, não é um sedutor: é alguém que age com naturalidade.
Não precisa de ser bonito, mas tem ser atraente. 
É culto, sabe conversar e tem um fino sentido de humor (ironia).
É modesto - rara virtude. É intenso e viril interpares, mas, ainda assim, sabe ser educado e delicado no trato com uma mulher.
Não expõe gratuitamente a sua vida, as suas demonstrações de afecto ou os seus problemas: sabe gerir a fronteira entre o público e o privado.
É alguém generoso, não é auto-centrado - faz um elogio a uma mulher, com elegância, mas com simplicidade.
Tem alguma maturidade (a que for possível), embora conserve aquele brilho infantil que se torna irresistível no sexo masculino.
Enfim, é um homem raro."
 
Fotografia: Peter Lindbergh

Jogar às escondidas é cansativo

sábado, dezembro 03, 2011

"Tenho assistido, incógnito, ao desfalecimento gradual da minha vida, ao soçobro lento de tudo quanto quis ser. Posso dizer, com aquela verdade que não precisa de flores para se saber que está morta, que não há coisa que eu tenha querido, ou em que tenha posto, um momento que fosse, o sonho só desse momento, que se me não tenha desfeito debaixo das janelas como pó parecendo pedra caindo de um vaso de andar alto. Parece, até, que o destino tem sempre procurado, primeiro, fazer-me amar ou querer aquilo que ele mesmo tinha disposto para que no dia seguinte eu visse que não tinha ou teria."

Bernardo Soares, Livro do Desassossego
Fotografia: Diane Arbus
Ouve-se: Bruno Mars - It Will Rain

terça-feira, novembro 22, 2011


"Há pensamentos que são verdadeiras orações. 
Em alguns momentos, seja qual for a postura do corpo, a alma está de joelhos."

Victor Hugo
Fotografia: Deshi

domingo, novembro 13, 2011


"Não há que exigir às pessoas mais do que uma qualidade. Se lhes encontramos uma, já devemos ficar agradecidos e julgá-las somente por ela e não pelas que lhe faltam. É inútil exigir que uma pessoa seja simpática e também generosa, ou que seja inteligente e também alegre, ou que seja culta e também asseada, ou que seja bonita e também leal. Aproveitemos dela o que tem para nos dar. Que a sua qualidade seja a vida através da qual comunicamos e nos enriquecemos."


Julio Ramón Ribeyro | Prosas Apátridas
Fotografia: Richard Avedon
Ouve-se: Depeche Mode - It's No Good

sábado, novembro 12, 2011


"Carreguei no botão PAUSA da minha vida."

Vikas Swarup - Quem quer ser Bilionário 

quinta-feira, novembro 10, 2011


 “Há criaturas destinadas umas às outras que não conseguem nunca encontrar-se e resignam-se a amar outra pessoa para remendar aquela ausência. São ajuizadas.”

Erri De Luca in Três Cavalos 
Fotografia: Magnum Photo’s


"Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. 
Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. 
Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: SECAS.
Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver.
Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também."(...)

Caio Fernando Abreu - Crônica publicada no “Estadão” Caderno 2 de 29/07/87
Fotografia: retirada da internet
Ouve-se: GNR - saliva

terça-feira, setembro 20, 2011



"Carrego nas mãos um coração em mau estado."

Ouve-se: Arid - You are

terça-feira, setembro 13, 2011



"Não penses.
Que raio de mania essa de estares sempre a querer pensar.
Pensar é trocar uma flor por um silogismo, um vivo por um morto.
Pensar é não ver. Olha apenas, vê.
Está um dia enorme de sol. Talvez que de noite, acabou-se, como diz o filósofo da ave de Minerva. Mas não agora. Há alegria bastante para se não pensar, que é coisa sempre triste.
Olha, escuta. Nas passagens de nível, havia um aviso de «pare, escute, olhe» com vistas ao atropelo dos comboios. É o aviso que devia haver nestes dias magníficos de sol.
Olha a luz. Escuta a alegria dos pássaros. Não penses, que é sacrilégio.

Vergílio Ferreira, in “Conta-corrente II”

sábado, setembro 10, 2011


"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Fernando Pessoa
Fotografia: Emilio Lovisa
Ouve-se: Skunk Anansie - Squander

domingo, setembro 04, 2011

Há roubos que só valorizam o objecto roubado


sexta-feira, setembro 02, 2011


"Contemplar o céu, as nuvens, a lua e as estrelas tranquiliza-me e devolve-me a esperança, isto não é, certamente, imaginação. A Natureza torna-me humilde e prepara-me para suportar com valentia todos os golpes (...)

Enquanto isto existir e eu possa ser sensível a isto - a este sol radiante, a este céu sem nuvens - não posso estar triste".

Anne Frank - "Diário de Anne Frank"

quarta-feira, agosto 31, 2011

Desilusão é uma decepção ou desencantamento decorrente de uma experiência negativa profunda; é ato de desiludir-se, desenganar-se, o que pressupõe que nos enganamos sobre algo ou alguém, que em um momento qualquer, acreditámos.

 Wikiquote, a coletânea de citações livre.
Fotografia: retirada da internet

sábado, agosto 27, 2011

Amamos da forma que fomos amados (?)


Fotografia: Rene Magritte
Ouve-se: The Story

terça-feira, agosto 02, 2011

"Essas manhãs nulas, canceladas, em que oiço música sem a escutar, em que fumo sem sentir o sabor do tabaco, em que olho pela janela sem ver nada, em que na verdade perco todo o contacto com a realidade sem que por isso tenha um maior contacto comigo mesmo, essas manhãs em que estou fora do mundo e fora da consciência, em que flutuo numa espécie de terra de ninguém, num limbo onde estão ausentes as coisas e as ideias das coisas, e não me deixam outro legado, essas manhãs, a não ser o tempo sem conteúdo."



Julio Ramón Ribeyro | Prosas Apátridas
Ouve-se: Twinkle Twinkle - Fredrika Stahl

terça-feira, julho 26, 2011

O amor esgota-se?



Fotografia: Magnum Photos
Ouve-se: Silêncio

quinta-feira, julho 21, 2011


"(…) Uma mulher não perdoa uma única coisa no homem: que ele não ame com coragem. 
Pode ter os maiores defeitos, atrasar-se para os compromissos, jogar futebol no sábado com os amigos, soltar gargalhada de hiena, pentear-se com franjinha, ter pêlos nas costas e no pescoço, usar palito de dente, trocar os talheres de um momento para outro. Qualquer coisa é admitida, menos que não ame com coragem(...)."

Fabrício Carpinejar
Fotografia: Helmut Newton
Ouve-se: Gotan Project - Mi Confesion

segunda-feira, junho 27, 2011

Happy Birthday to Me

sexta-feira, junho 24, 2011



"Descobri a razão pela qual as mulheres gostam de homens sacanas.
Porque o amor, por definição, é um dom não merecido; ser-se amado sem mérito é justamente a prova de um amor verdadeiro. Se uma mulher me diz: amo-te porque és inteligente, porque és honesto, porque me dás presentes, porque não andas no engate, porque lavas a louça, sinto-me decepcionado; este amor tem o ar de ser qualquer coisa de interessado. É muito mais bonito ouvir: estou louca por ti apesar de tu não seres nem inteligente nem sério, e embora sejas mentiroso, egoísta e safado."




quinta-feira, junho 23, 2011


Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. (…) O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
(…) Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

quinta-feira, junho 09, 2011


"Amar é muito mais que gostar. 
É desatar os nós que nos impedem de ser felizes e apertar os laços que nos unem."
  
Helena Sacadura Cabel - Nós de Amor
Fotografia: Lois Greenfield

quinta-feira, maio 26, 2011

E

xistimos quando alguém nos recorda (?)
 


Carlos Ruiz Zafón
Fotografia: Jason Schmidt

domingo, maio 22, 2011

 
“Quero o circo todo a que tenho direito: sedução, fantasia, tempo. Quero um romance longo, quero intimidade. Fazer cena de ciúme, terminar, voltar, amar, brigar de novo, telefonar, pedir desculpas, retornar. Amantes bem comportadas são um tédio.”

Martha Medeiros
Fotografia - Amantes do Metro - Pedro Noel da Luz

domingo, abril 24, 2011

 Por vezes questiono-me onde se localiza a alma: se no coração ou no cérebro.

Ouve-se: Amor Electro - A Máquina

domingo, abril 17, 2011



(...)


- Estou sempre contigo, sempre.

- E tu pesas-me.

- Sem ti, sinto-me num vácuo.

- És de chumbo.

(...)

Carlos Bessa

Foto: Richard Avedon
Ouve-se: Moby- Porcelain

domingo, abril 10, 2011

 "Se aquilo que a gente sente
Cá dentro, tivesse voz
Muita gente, toda a gente
Teria pena de nós."

Augusto Gil - O Canto da Cigarra.
Foto: Richard Avedon
Ouve-se: Florence + The Machine - Dog Days Are Over

quarta-feira, abril 06, 2011



"Sou um mestre na arte
de falar em silêncio
Toda a minha vida falei
calando-me e vivi em
mim mesmo tragédias
inteiras sem pronunciar
uma palavra."

Fiódor Dostoiévski
Foto: Giselle Rocha
Ouve-se: David Fonseca - I See the World Through You

 

domingo, abril 03, 2011

"Era uma mulher reservada, sem ânimo para espantar o medo de se engalfinhar com o mundo. Um dia descobriu-se doente por um médico sem pruridos de linguagem: «Tem um problema raro e irreversível. Nem vale a pena tratar. Dou-lhe dois anos de vida e uma certeza: não vai sentir nada.» Podia ter chorado, como sempre fazia perante as pequenas contrariedades do dia-a-dia, ou desesperado, como seria normal numa situação de morte anunciada, mas a verdade é que a notícia lhe provocara um secreto regozijo. Era a sua oportunidade de mudar, de definir objectivos, de gizar o seu destino no papel crespo que lhe restava. Elaborou, então, uma lista pormenorizada de desejos a cumprir e durante esses dois anos riu, brincou, viajou, bebeu, dançou, beijou e amou pela medida larga dos desprovidos de preconceitos e espartilhos. No final do prazo, despediu-se com uma festa de arromba dos amigos entretanto conquistados e retirou-se para um confortável hotel isolado no meio da mata, onde se dedicou a ler romances de qualidade duvidosa e a observar vagamente plantas e pássaros por não saber mais o que fazer. Sete anos passaram. A mulher continua a privilegiar a inércia, enquanto dura o dia; porém, todas as noites se lava e perfuma, veste uma elegante lingerie preta, aplica uma maquilhagem ligeira, destranca a porta do quarto e se deita, hirta, mãos cruzadas sobre o peito, à espera que algo extraordinário aconteça."

Alegre ou Triste
Foto:  Christian Tagliavini
Ouve-se: Gotan Project - Diferente

sábado, março 26, 2011


Uma mão fria aperta-me a garganta e não me deixa respirar a vida.

Livro do Desassossego por Bernardo Soares. Vol.I. Fernando Pessoa.
Foto: José Vaz
Ouve-se: Agarra-me esta noite - Pedro Abrunhosa

terça-feira, março 22, 2011

Diogo deu a mão à rapariga e depois um beijo e logo se seguiu um abraço e tudo recomeçou; as línguas devoraram as bocas e as mãos exploraram os corpos, os ventres colidiram esfaimados.(...)
"Não" disse. "Isso não!"
O soldado sentia-se perder o controlo, mas conseguiu deter-se.
"Porque? Não Queres?"
Ela exalou um som estranho, mistura de suspiro com gemido.
"Oh, se quero! Mas não posso! Nao posso!"
"Porque?"
"Porque... porque é cedo.Mal nos conhecemos!..."
Diogo inclinou-se sobre o rosto dela e colou os lábios aos lábios dela.
"Mas eu amo-te"
"Eu também...", titubeou "eu também...mas não podemos!... Precisamos de tempo"
(...)
"Não temos tempo, meu amor"
"Que disparate! Claro que temos! Temos o tempo que quisermos"
"Eu sou um soldado meu amor" murmurou, lançando o às que tinha na manga.(...)"isso quer dizer que nem sei se amanhã estarei vivo. Entendes isso?"
(...)
A rapariga começou a chorar.
"Não... Não quero... Não te pode acontecer nada!..."
"E se acontecer? Como podes tu negar-nos o amor que merecemos? Como poderás tu viver com a consciência de que nem sequer me deixaste amar-te como um homem ama uma mulher?" (...)"Ama-me como se me perdesses amanhã".
Incapaz de resistir mais um segundo que fosse, Sheila puxou-o para si, estreitando-o num abraço esfaimado, e beijo-o longamente na boca. O rapaz sentiu o corpo dela abandonar as defesas e as pernas entreabrirem-se, numa rendição que era também um convite, sínal inequivoco que o ferro se dobrara enfim (...)

José Rodrigues dos Santos - O Anjo Branco

quarta-feira, março 09, 2011

corri para o telefone mas não me lembrava do teu número
queria apenas ouvir a tua voz
contar-te o sonho que tive ontem e me aterrorizou
queria dizer-te porque parto
porque amo
ouvir-te perguntar quem fala ?
e faltar-me a coragem para responder e desligar
depois caminhei como uma fera enfurecida pela casa
a noite tornou-se patética sem ti
não tinha sentido pensar em ti e não sair a correr para a rua
procurar-te imediatamente
correr a cidade duma ponta a outra
só para te dizer boa noite ou talvez tocar-te
e morrer

Al Berto, O Medo

Foto: Paul Pancadas

sexta-feira, março 04, 2011

Parece haver de novo grades nas janelas
e poucos - tão poucos! -
que queiram ver para além delas.

Luísa Veríssimo, in Mais Poemas, inédito, 2008

quinta-feira, março 03, 2011

Esperança é uma crença emocional na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias da vida pessoal. A esperança requer uma certa perseverança — i.e., acreditar que algo é possível mesmo quando há indicações do contrário. O sentido de crença deste sentimento o aproxima muito dos significados atribuídos à fé.

Wikipedia
Foto: Aniix

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

"Amava-te também, cheio de medo, quando fixavas o olhar na distância, quando adivinhava que estavas muito longe de mim nos teus pensamentos. 
Amava-te com terror quando adivinhava os teus pensamentos e mais ainda quando não os adivinhava, meu Deus!"

Os Jardim da Memória, Orhan Pamuk
Ninguém pode construir no teu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio da vida. Ninguém, excepto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem número, e pontes, e semi-deuses que se oferecerão para levar-te além do rio, mas isso custar-te-ia a tua própria pessoa: hipotecar-te-ias e perder-te-ias. Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar. Aonde leva? Não perguntes, segue-o!"

Friedrich Nietzsche
Foto: Denise Cardoso
 

sábado, fevereiro 19, 2011


Vou tomar conta de mim....

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Ela: Gostas de mim?
Ele: Sim...
Ela: Muito ou assim-assim?
Ele: (silêncio)
Ela: Assim-assim, não é?
Ele: Sim...

Foto: Ricardo Madeira

domingo, fevereiro 06, 2011

“Aquilo a que muita gente chama amar consiste em escolher uma mulher e casar com ela. Escolhem, juro-te, já os vi fazerem-no. Como se se pudesse escolher no amor, como se amar não fosse um raio que quebra os ossos e nos deixa paralisados no meio do pátio. (...) Não se pode escolher Beatriz, não se pode escolher Julieta. Não podemos escolher a chuva que nos vai encharcar até os ossos quando saímos de um concerto.”

Julio Cortázar -O jogo do mundo


sábado, fevereiro 05, 2011



“Fosse como fosse, ela já não me amava naquele momento: já não se preocupava com o efeito a produzir sobre mim”.

Marguerite Yourcenar, O Golpe de Misericórdia

sábado, janeiro 29, 2011

Outro tipo de mulher nua

(...)Talvez a verdadeira excitação esteja, hoje, em ver uma mulher se despir de verdade - emocionalmente. Nudez pode ter um significado diferente. Muito mais intenso é assistir a uma mulher desabotoar suas fantasias, suas dores, sua história.
É erótico ver uma mulher que sorri, que chora, que vacila, que fica linda sendo sincera, que fica uma delícia sendo divertida, que deixa qualquer um maluco sendo inteligente. Uma mulher que diz o que pensa, o que sente e o que pretende, sem meias-verdades, sem esconder seus pequenos defeitos - aliás, deveríamos nos orgulhar de nossas falhas, é o que nos torna humanas, e não bonecas de porcelana. Arrebatador é assistir ao desnudamento de uma mulher em quem sempre se poderá confiar, mesmo que vire ex, mesmo que saiba demais (...)
Não é fácil tirar a roupa e ficar pendurada numa banca de jornal mas, difícil por difícil, também é complicado abrir mão de pudores verbais, expôr nossos segredos e insanidades, revelar nosso interior. Mas é o que devemos continuar fazendo. Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro.
Não conheço strip-tease mais sedutor.

Martha Medeiros
Foto:Nuno Aguiar

domingo, janeiro 09, 2011

"Era a presa fácil para aquele homem, tinha cheiro de fêmea e flor e sabor de alecrim. Num impulso vão de se esquivar do desejo bruto do macho, se escondia sob a semi-transparência azul dos seus sonhos de menina, guardava por dentro dos sonhos, a chave que protegia o essencial: sua docilidade, a pontiaguda sensibilidade de amor, sua secreta fragilidade; que ele, em sua crueza de bicho faminto, jamais poderia tocar. Foram dias buscando um caminho, esbarrando nas sombras de seu espírito contraditório, lutava contra o desejo de ceder, de desistir de si mesma nos momentos em que o frio era maior. Foram dias pensando em como fugir do mundo que a maturidade lhe impingira, o mundo daquele homem, daquele bicho, daquela fome. Foram horas suando saudades de dias passados, foram minutos até o ato: levantou-se do canto do sofá onde bordava suas angústias, deixou escorregar do corpo o véu, seguiu, fechou a porta sem medo, sem olhar"

Ivana Pascoal 
foto: http://olhares.aeiou.pt/AmandaCom

domingo, janeiro 02, 2011


Quais são para ti as coisas mais belas do mundo? São as coisas de verdade, como tanto quanto se vê e toca? Ou as coisas invisíveis, aquelas que pensamos, sentimos e sonhamos?

valter hugo mãe: As mais belas coisas do mundo
http://olhares.aeiou.pt/jkatarino