domingo, janeiro 20, 2013


a lua está hoje a metade

lembra-te que às vezes

o meu coração também

Fotografia: Jean Baptiste Mondino

quinta-feira, janeiro 17, 2013

Era uma vez uma menina cujo coração batia mais rápido que o das outras pessoas.
Isso incomodava toda a gente...
Por causa do barulho…
O coração batia tão alto!...

Ela tentava explicar:
“É um coração de pássaro... Eu estou no corpo errado!... Daí o coração bater tão rápido... Eu sou um pássaro..."

 “Que é que ela disse?... é tolinha... não deve durar muito…”

Então, ela fugia...
Ela só queria desaparecer… deixar-se levar pelo vento...
Finalmente, a chuva acalmava-a, então ela voltava p’ra casa e continuava a viver, apesar de tudo.
Pouco a pouco as pessoas foram-se habituando ao barulho do coração…
Acabaram mesmo por esquecê-la…
Ninguém se apercebeu do que se passava...
E isso era bom para ela…
Também ela se habituava…
Começou mesmo a gostar do seu corpo…
E sentia-se cada vez mais leve…
Ninguém reparou como sorria, de olhos postos no céu.

E depois… um dia…

As pessoas já não sabiam se era alguém que morria, ou alguém que nascia...
Mas uma coisa era certa… ninguém se importaria de partir assim…


Regina Pessoa, in História trágica com final feliz
Fotografia: Steven-Meisel 

segunda-feira, janeiro 07, 2013

Não te sei perder.
  É uma conclusão simples
 
Fotografia: Jean Baptiste Mondino 

sábado, janeiro 05, 2013

Agora que não nos vemos
e as nossas vidas correm pelos dias
cada vez mais longínquas,
sinto, às vezes, uma vontade enorme
de te ver uma tarde, tomar café
contigo, saber como vais…

Agora que não nos vemos
e nos perdemos aos dois,
não penses que esqueci as tuas coisas.
Guardo boas lembranças, e poemas
que te escrevi (lembras-te?); guardo
cartas e fotografias…
E um lugar
na minha alma, onde, se quiseres,
sempre, sempre podes estar.

Abel Feu
Fotografia: Saty + Pratha

terça-feira, janeiro 01, 2013

"A casa vai-se esvaziando a pouco e pouco e começam a faltar pessoas e coisas nos compartimentos que aumentam. Aumenta a sombra também porque há quartos que deixaram se abrir e onde o ar parou. Mesmo que não ganhem pó parecem mortos, os móveis que sobejam hirtos e dignos, uma fotografia com um sorriso que se não dirige a ninguém, olhos que desistiram de nos alcançar, indiferentes. Em que sítio vivem agora? "

Fotografia: Steven Meisel