quarta-feira, maio 30, 2007



«Tinham uma vaga impressão de feridas húmidas por todo o corpo. Doía-lhes qualquer coisa que por enquanto não sabiam nomear. E o que doía tinha um rosto, ou continha um gesto, um perfume, evocava um corpo ou um lugar.
Mas era-lhes difícil separar os acontecimentos uns dos outros, os rostos das palavras, os corpos dos lugares. (...)
Talvez, que os rostos e os lugares fossem uma e a mesma coisa, ou afinal, só tivessem existido na imaginação de cada um.
Talvez, o que lhes doesse fosse a memória dos seus próprios corpos e, para não se deixarem morrer, outros corpos fossem incendiados nessa mesma dor.»

Al Berto, excerto de "O Medo"

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